IMPACIÊNCIA
"Todas as falhas humanas provêm da
impaciência", já dizia o amigo Franz Kafka.
Queremos tudo para ontem, recusamo-nos a saborear a espera
que nos prepara para o amanhã, e quando nos dizem que somos os argumentistas do
nosso filme, continuamos a escrever de modo repetitivo, alimentando a
personagem que não queremos ser.
Em vez de apostarmos na criatividade e arriscarmos num
novo percurso, insistimos nos mesmos erros, aqueles bem banais que não se
perdoam nem no primeiro ciclo de vida.
Continuamos a remoer no que não queremos, no que nos
magoa, no que nos incomoda, dando-lhe desta forma energia para cresça e se
multiplique. E, cada vez mais, o que temos é o que não queremos.
Pretendemos que o outro seja como nós, pense como nós,
sinta como nós, aja como nós, esquecendo que todos somos um, mas que as peças
que constroem o puzzle da unidade têm arestas diversas, e é essa
individualidade que enriquece o ser divino que todos somos.
Quando a tristeza é o que nos alimenta, nada como uma boa
gargalhada, mesmo sem vontade, um “amo-te muito” ao espelho e a consciência de
que tudo é passageiro, tudo mesmo, não só os passageiros do autocarro.
Ao inverno frio, cinzento, chuvoso seguem-se os dias de
céu azul, do sol a acarinhar-nos a pele, da natureza efusiva por mais um ciclo
que se inicia, que terá fim, é certo, mas que é magnífico enquanto dura.
E não vale a pena levarmo-nos tão a sério, ninguém leva.
É bom sentirmo-nos bem, só porque sim, amar, só porque
sim, sorrir, só porque sim. As coisas na vida não necessitam ter sempre um
propósito, ou melhor, tudo na vida deveria ter um único propósito: a
felicidade.
Então sejamos felizes com o que temos e aceitemos o
maravilhoso, que apenas espera uma abertura para se mostrar.
Por mim, começo cada dia agradecendo e pedindo para que
os meus anjos estejam
comigo para me ajudar, guiar e proteger. E sei que eles estão, contribuindo
para que cada dia seja pleno de iluminação.
Quita Miguel
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