quarta-feira, 15 de julho de 2015



EXORCIZANDO A REVOLTA

Detesto modas, daquelas que chegam e se instalam como verdades inabaláveis, realidades indiscutíveis e factos irrefutáveis.
O “team building” é uma dessas novas/velhas teorias que anda na boca de muitos. Não sou contra a teoria em si, mas contra o uso que dela se faz, imaginando, de uma forma algo ingénua, que um ou dois workshops podem reparar os estragos de uma gestão afastada do Ser Humano.
Meia dúzia de teorias, que algum iluminado conseguiu vender como eficazes, são debitadas como o remédio milagroso, só equiparável à tão conhecida banha-da-cobra.
Pretendem dar-te um genérico para o estômago, quando o problema está no coração, quando te maltratam a alma e te sufocam a paixão.
É a vitória da hipocrisia, dos falsos elogios que escondem as críticas que te tatuam nas costas.


Questionamo-nos sobre o motivo da civilização estar cada vez mais doente, mais esgotada, exibindo um modo deprimente de ser. É simples: porque matamos a verdade. Porque, na maior parte das vezes, falta-nos coragem para sermos coerentes com as crenças que nos impulsionam e limitamo-nos a ser politicamente corretos.
Entregaste-te, durante uma vida, estás esgotado, ansiando por um copo de água e, com toda a pompa e circunstância, dão-te uma medalha incapaz de te matar a sede.
Olhas-te ao espelho e percebes o quanto estás só, o quanto tu não és mais do que um número, que serve enquanto fores dando tudo de ti em troca de quase nada.
Hoje, sinto uma profunda tristeza por pertencer a esta humanidade desumana, a esta máquina castradora de sonhos e estupradora de ideais. Espero que o dia em que despertemos para o verdadeiro significado da vida não seja tarde demais.

Quita Miguel

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