EXORCIZANDO A REVOLTA
Detesto modas, daquelas que chegam e se instalam como
verdades inabaláveis, realidades indiscutíveis e factos irrefutáveis.
O “team building”
é uma dessas novas/velhas teorias que anda na boca de muitos. Não sou contra a
teoria em si, mas contra o uso que dela se faz, imaginando, de uma forma algo
ingénua, que um ou dois workshops
podem reparar os estragos de uma gestão afastada do Ser Humano.
Meia dúzia de teorias, que algum iluminado conseguiu
vender como eficazes, são debitadas como o remédio milagroso, só equiparável à
tão conhecida banha-da-cobra.
Pretendem dar-te um genérico para o estômago, quando o
problema está no coração, quando te maltratam a alma e te sufocam a paixão.
É a vitória da hipocrisia, dos falsos elogios que
escondem as críticas que te tatuam nas costas.
Questionamo-nos sobre o motivo da civilização estar cada
vez mais doente, mais esgotada, exibindo um modo deprimente de ser. É simples:
porque matamos a verdade. Porque, na maior parte das vezes, falta-nos coragem
para sermos coerentes com as crenças que nos impulsionam e limitamo-nos a ser
politicamente corretos.
Entregaste-te, durante uma vida, estás esgotado,
ansiando por um copo de água e, com toda a pompa e circunstância, dão-te uma
medalha incapaz de te matar a sede.
Olhas-te ao espelho e percebes o quanto estás só, o
quanto tu não és mais do que um número, que serve enquanto fores dando tudo de
ti em troca de quase nada.
Hoje, sinto uma profunda tristeza por pertencer a esta
humanidade desumana, a esta máquina castradora de sonhos e estupradora de
ideais. Espero que o dia em que despertemos para o verdadeiro significado da
vida não seja tarde demais.
Quita Miguel
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